terça-feira, abril 17, 2012

A um livro

No silêncio de cinzas do meu Ser
Agita-se uma sombra de cipreste,
É uma sombra triste que ando a ler
No livro cheio de mágoa que me deste!

Estranho livro aquele igual a mim!
Cheira a mortos a rir e a cantar...
É dum branco sinistro de jasmim,
Que só me dá vontade de chorar!

Parece que folheio toda a minh’alma!
O livro que me deste, em mim salma
As orações que choro e rio e canto!

Poeta igual a mim, ai que me dera
Dizer o que tu dizes! Quem soubera
Velar a minha Dor desse teu manto!


Fragmento: Poemas de Florbela Espanca — Trocando Olhares

Um comentário: