quinta-feira, março 29, 2012

Soneto

Gênio das trevas lúgubres, acolhe-me,
Leva-me o espírito dessa luz que mata,
E a alma me ofusca e o peito me maltrata,
E o viver calmo e sossegado tolhe-me!

Leva-me, obumbra-me em teu seio, acolhe-me
N’asa da Morte redentora, e à ingrata
Luz deste mundo em breve me arrebata
E num pallium de tênebras recolhe-me!

Aqui há muita luz e muita aurora,
Há perfumes d’amor — venenos d’alma —
E eu busco a plaga onde o repouso mora,

E as trevas moram, e, onde d’água raso
O olhar não trago, nem me turba a calma
A aurora deste amor que é o meu ocaso!


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