sexta-feira, setembro 23, 2011

Ele pensa a escrita como penso o desenho.

''Muita vezes me perguntei por que gosto de escrever (à mão, é claro), a tal ponto que em muita ocasiões o esforço tantas vezes ingrato do trabalho intelectual é resgatado, a meu ver, pelo prazer de ter diante de mim (assim como a mesa do artesão) uma bela folha de papel e uma boa caneta: ao mesmo tempo em que reflito no que devo escrever (é o que acontece nesse exato momento), sinto minha mão agir, virar, ligar, mergulhar, levantar-se frequentemente, no ato das correções, rasurar ou estilhaçar a linha, aumentar o espaço até a margem, construindo assim, a partir de traços miúdos e aparentemente funcionais (as letras), um espaço que é simplesmente o espaço da arte: sou artista, não no sentido de figurar um objeto, porém mais fundamentalmente porque na escrita meu corpo goza ao traçar, incisar ritmicamente uma superfície virgem (sendo o virgem infinitamente possível)''

Um comentário:

  1. " Sendo o virgem infinitamente possível " Alguns rapazes não sabem que eu sou infinitamente possível, é o enquadramento que lhes tira a arte, mas você é o artista que se arrisca, para além de tua virgindade. abraços.

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