terça-feira, agosto 16, 2011

Alcoólicas - I

 

É crua a vida. Alça de tripa e metal.

Nela despenco: pedra mórula ferida.

É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.

 Como-a no livor da língua

Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me

No estreito-pouco

Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida

Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.

E perambulos de coturno pela rua

Rubras, góticas, altas de corpos e copos.

A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.

E pode ser tão generosa e mítica: arróio, lágrima

Olho d'água, bebida. A vida é líquida.


Um comentário:

  1. É a poesia mais seca que já li, áspera e honesta, pois se a vida é líquida como afirma, é atrito de granito, pedra pume, pedra sabão, escorrega, mais a de Hilda desce raspando, até acordar o poeta mais romântico dos românticos.

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